Insetos marinhos e sua ocupação
Por: Luciano
Chaves
Voluntário do Orla
Viva - MA
Graduando no curso de
Ciências Biológicas-UFMA
A classe dos insetos é constituída por cerca de 75% de todas as espécies
animais descritas, possuindo assim uma enorme variedade de formas, cores e
adaptações ecológicas que excedem qualquer outro grupo animal - adaptações essas
que promoveram sua ocupação em praticamente todo lugar do planeta (sendo assim
cosmopolita), um sucesso evolutivo bem notável. Entretanto, os insetos parecem
ter “falhado” na
ocupação dos mares e oceanos.
Apenas 3% desse
grupo, o que equivale a cerca de 30.000 espécies, são aquáticos ou possuem larvas
aquáticas, porém, acredita-se que apenas algumas centenas de espécies de
insetos ocuparam o ambiente marinho, como alguns representantes de Collembola, Thysanura
e os Hemiptera (halobates). Mas, consideram-se apenas as espécies
que ficam submersas em marés do supra litoral.
Tendo em vista toda
a variedade de insetos que existe no planeta, parece impressionante que tão
poucos deste grupo tenham se adaptado ao ambiente marinho. O entendimento de um
baixo número de espécies em dada região\ambiente, só pode ser explicado através
da sua história evolutiva.
Os primeiros
artrópodes dotados de asas surgiram no período Devoniano há cerca de 400 milhões de
anos atrás, período no qual foi caracterizado pela conquista do ambiente
terrestre pelos vertebrados e artrópodes. Neste período da história, os crustáceos
já dominavam o ambiente marinho e os insetos acabaram por conquistar a terra
firme por falta de competidores. Assim, explica-se o por quê de os insetos não
serem marinhos nos primórdios, no entanto, depois eles poderiam ter retornado e
conquistado outros nichos.
Contudo, depois de
uma adaptação à vida terrestre tão acentuada, para que os insetos pudessem
ocupar o ambiente marinho novamente, necessitariam passar por diferentes obstáculos
físicos,
químicos
e biológicos.
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Hemipteros |
A primeira
limitação foi o seu sistema respiratório, que, baseado em canais espalhados pelo
corpo pelo qual o ar entra e sai, não permite que esses animais vivessem em
profundidades muito altas, uma vez que eles necessitam do gás oxigênio. No
entanto, existem insetos de água doce que possuem estratégias próprias de
sobrevivência e que poderiam ser aplicados ao ambiente marinho.
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Halobates micans
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Outra explicação seria
que esses animais não poderiam usar duas de suas melhores adaptações: o voo e a
capacidade de polinização. Como não há presença de flores, cuja associação com
os insetos é bem restrita, explicaria o sucesso evolutivo de ambos os grupos e
assim a ausência dos mesmos neste ambiente.
Uma última explicação
seria a ação de predadores (que não seriam poucos). Grupos que evoluíram
concomitantemente com os predadores, como os crustáceos e aracnídeos, teriam
estratégias para evitar a predação enquanto insetos, recém-chegados ao ambiente
seriam predados rapidamente.
As discussões sobre
a não ocupação dos insetos no ambiente marinho continuam no meio cientifico,
porém ainda é um assunto controvertido e ainda pode estar longe de ser
esclarecida.
Boa, gostei do texto. Tava justamente refletindo isso no domingo antes da prova de zoologia.
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